Pois, hoje,
surpreendi-me. Peguei Dona Doroteia e Rosa Maria ciscando juntas. Confesso,
fiquei espantado, jurava que ainda estavam de mal uma com a outra. E, a minha
suspeita, logo veio se realizar. O silêncio, num de repente, tornou-se ruído de
palavras ofensivas – e a curiosidade me invadiu, quis saber o que acontecia
entre as duas. De cara pensei no motivo, só podia ser o galo João: e era. Dona
Doroteia, uma galinha nova e apaixonada, acreditara em amor eterno; já tinha certo
tempo que estava de compromisso com o galo João, que por sinal era muito
galanteador, safado, mas que dizia amor a ela. Só que todo amor sincero, e não
sincero também, é cobiçado. A cobiçadora Rosa Maria, mais experiente, sabia da tendência
do João, então foi fácil, foi uma conquista mais que desleal; isso por que era
amiga de Doroteia. Rosa Maria pertencia à família, amiga da mãe de Teinha –
como Rosa chamava-a. Quando Teinha descobriu a traição, desconsolada sentiu-se;
mas a galinha, ingênua e influenciada por sua falta de maldade, perdoara Rosa.
E é aqui que a cena recomeça. A desavença entre as galinhas ressurge, pois,
Rosa conta a Teinha que está esperando pintinhos de João. Doroteia, grave,
irritada, soltou vários impropérios, não aguentou; veio à tona sua fúria. Ela
já pensava em perdoar o João. Pensava em reatar o noivado – e tudo isso, agora,
nessa maldita revelação caiu por terra. Assim como ela. Rosa toda triunfante,
sorria ao tripudiar de Teinha. E como se tivesse conquistado um prêmio foi
procurar João.
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